Pintura de Vincent van Gogh (1853-1890), nome da obra “No portão da eternidade” (1890)
Um ensaio sobre a vida, a morte, a ordem e desordem e a aposta de Pascal
E quando o inesperado acontece?
Jamais desejamos que a ordem natural das coisas da vida e da nossa realidade entrem em desordem e, se transformem em um caos por assim dizer. Em algum momento da sua existência, provavelmente você planejou e até mesmo sonhou como sua vida deveria ser. Ah! E sem dúvidas, não deve ter imaginado ela como uma “salada mista” de alegrias e tristezas, sorrisos e choros, de belezas e feiúras e de alívios e dores. Saladas agridoces são saborosas, mas essa parece bem amarga.
Na “horta” de nossas vidas não são colhidos apenas doces morangos ou lindos rabanetes, mas também amargas rúculas e defeituosas cenouras. Nascemos, crescemos, casamos, temos filhos, netos, bisnetos e morremos. Mas e quando a ordem natural da vida, caí na desordem? Quando um divórcio entra como um bisturi nas vidas de casais e corta o “um só corpo e uma só carne” e coloca fim ao casamento. Quando uma terrível enfermidade acomete nosso cônjuge, vindo a falecer com pouca idade, ou o pior, quando perdemos um descendente, um filho antes de nós. Na verdade, não queremos nem pensar e, muito menos falar sobre isso — a morte.
Quem gosta de falar sobre a morte? Não é assunto no intervalo do colégio, nas trocas de aulas na universidade, no coffee break do trabalho ou no happy hour da sexta-feira no final da tarde, após uma dura semana de expediente. Mas a verdade é que um dia eu e você morreremos. Uma pergunta enquanto estamos vivos pode surgir: Para onde iremos?
Já fez uma aposta errada?
Não é raro. Mas devo imaginar que ao pagar uma conta na casa lotérica, você já se sentiu tentado a comprar uma “raspadinha da sorte”, fazer a famosa “fezinha” da sonhada mega sena, ou quem sabe insistir em apostar na esportiva daquele seu time que não ganha um título há 10 anos — não citarei nenhum aqui para evitar que você discuta com o texto, ou fique bravo comigo mesmo e, vai parar de lê-lo, passando raiva só de lembrar. O que posso dizer é que minha filha Ana Clara nasceu no ano de 2009, e com 10 anos idade ainda não tinha visto seu time ser campeão. Ela não suportou e mudou de time. Bom fica para você leitor adivinhar qual time é. Ele, tem nome de santo.
Tudo isso para dizer que apesar de alguns críticos, eu quero aproveitar a aposta do filósofo e matemático do século XVII, Blaise Pascal (1623-1662). Para falar sobre a morte. Podemos resumir a aposta da seguinte forma:
“Se você morrer como um cristão, crendo em Deus e ao morrer verificar que Deus não existe, você não perdeu nada. Mas, se após a morte, se encontrar com Deus, e ver que Ele existe e que o céu e inferno são reais, você está salvo do inferno por ter crido em Deus durante sua vida terrestre, e irá para o céu, neste caso, quem perdeu tudo foi o descrente.”
Será que compensa viver uma vida sem esperança? Sem esperar por algo após essa vida. E se fizermos a aposta errada nesta vida, morrermos e tudo for verdade? Se tudo for verdade, como creio que é, posso perder tudo aqui, mas ganharei tudo lá.
E você está apostando sua vida em qual lado?
1. Pintura de Vincent van Gogh (1853-1890), nome da obra “No portão da eternidade” (1890). Baseada em um desenho e litografias que o artista havia feito anos antes, em 1882, essa pintura retrata um homem aflito com que leva as mãos ao rosto.A obra foi finalizada poucos meses antes da morte de Vincent e é mais um indício de que o artista passava por conflitos e grave sofrimento psíquico, mas ainda assim tinha a crença em Deus e um "portal da eternidade", nome da obra. Fonte: https://www.culturagenial.com/van-gogh-obras-biografia/
Levi Elias de Almeida Ceccato, esposo, pai, professor e escritor. Presbítero da Primeira Igreja Presbiteriana de Rio Claro - SP. Lic. em História pelo Claretiano. Bach. Teologia. Pós-grad. em Cosmovisão Cristã, no Seminário Simonton - STPS. Host do PodCast - Coram Deo. Autor do livro “Um Conto do Ordinário”, original Pilgrim. Editor da João Calvino Publicações. Amante da boa literatura e da Teologia serva de Deus.
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